
No interior da ceramista e escultora Rosa Anahory há formas e cores que se vão moldando nas suas mãos, envolvidas pelos seus sonhos/ideias/pensamentos e vivências que se sentem em cada peça… N' a Galeria, Parque das Nações
As minhas peças são feitas em pasta refractária pela técnica de construção de rolos sobrepostos.
Vão ao forno electrico a 1020º , duas ou mais vezes até conseguir o acabamento que gosto.
São formas que nascem de uma vontade de criar o que sinto, a minha relação com o mundo e com os outros.
Tudo começa com o desenho que me inspira na decisão do que fazer, qual o caminho a iniciar com o barro.
Depois de começar, todo o processo é uma aventura onde acontecem as histórias que quero contar.
























Estranhas formas de barro rasgadas pela luz
Subo a Rua e ao olhar para umas portas envidraçadas, vislumbro umas estranhas obras de barro rasgadas pela luz.
Procuro formas humanas, caras, olhos, bocas, costas, seios, troncos, rabos. Há uma coisa que aprendi : qualquer obra ou trabalho artístico tem lá dentro simultaneamente um silêncio e um diálogo com o mundo que é preciso saber procurar, encontrar, escutar.
Há uma conversa embutida na própria peça. Existem frequentemente dois corpos dentro do mesmo corpo.
Dialogantes terminam em forma de boca, uma boca escancarada, desenhada em forma de grito.
Nestes corpos burilados dentro da mesma peça há uma presença de sentimentos como a ternura, o encosto, o toque.
A dinâmica de movimento que contêm, quase que uma dança, torna-as surpreendentemente leves.
Estive meia hora a viajar entre as peças da Rosa . A tirar-lhes a estranheza inicial de obras rasgadas pela luz e a substitui-la por um cruzamento de leituras. E sobretudo ingénuas.
Descobri-lhes uma humanidade essencial. Um movimento de matéria em fuga do seu próprio corpo. Uma tensão entre solidão e corpo-a-corpo, dança. E quando saio para a rua olho novamente as peças. Acrescento à impressão do meu primeiro olhar: estranhas obras de barro rasgadas pela luz, pelo movimento, pela solidão; matéria fugindo dos corpos.
Joaquim Paulo Nogueira














.jpg)
BIOGRAFIA
Rosa Matos Chaves Anahory nasce em Lisboa em 1971.
Inicia os seus estudos em cerâmica em 1990, na Cooperativa Cultural “O Cântaro”, em Oeiras, onde frequenta os cursos de Olaria/Cerâmica e Construção de Forno de Papel, coordenados pelo ceramista Paulo Reis.
Entre 1991 e 1995 cursa Cerâmica e Desenho de Figura Humana no Ar.Co.
Em 1994 participa no workshop de Raku com a artista brasileira Sara Carone.
Em 1995 cursa Desenho na Sociedade Nacional de Belas Artes, de Lisboa.
Estagia em 1995 na Universidade de Massachusetts, EUA, onde prossegue o seu trabalho no campo da Cerâmica, Desenho e Construção de Forno a Lenha.
1994- Coletiva na Oficina de Cultura de Almada.
1995- Coletiva no Espaço-Atelier em Lisboa
1997- Coletiva com escultura e instalação no 1º Encontro Internacional de Arte Ambiental, em Salir, Algarve.
2001- Esculturas e peças decorativas em cerâmica para a decoração do Clube House, em Oitavos, Quinta da Marinha, Cascais.
2002- Colectiva na loja Alma Lusa, em Lisboa.
2003- Individual na Junta de Freguesia de Santa Catarina, Lisboa.
2004- Coletiva na galeria Corrente d’Arte, em Lisboa.
2004/2010 - Decoração do hotel The Oitavos, na Quinta da Marinha, Cascais com esculturas em cerâmica electrificadas para candeeiros para os quartos e pratos/centros de mesa para as zonas de estar.
2014- Individual na York House, em Lisboa.
2018- Coletiva de pintura, escultura e cerâmica, no Espaço Anahory em Lisboa.
2020 - Individual no hotel The Oitavos na Quinta da Marinha
2021-Coletiva - Escultura, objectos e cerâmica - A tribute to women na galeria São Roque em Lisboa
2022 - Individual no "Espaço 101" em Lisboa
E-mail: rosaanahory@gmail.com
Tel.: 965340332